3/18/2011

E sobre as implicações discriminativas entre os gêneros na infância?




Continuando a seguir esta linha feminista, irei entrar agora em uma importante questão, a de que desde a infância são impostas algumas situações que diferenciam o masculino do feminino.
Todos nós sabemos que deixando de lado as questões biológicas, todas as outras situações que discriminam o masculino do feminino são impostas pelos homens e mulheres, pela sociedade, pela cultura.
Para primeiro exemplo, vou citar uma situação recente que me ocorreu. Eu estava no estágio, quando, enquanto as crianças faziam uma atividade artística, uma aluna de cinco anos virou para o colega e disse “Não. Você não pode usar o rosa. Eu sou menina. Eu uso o rosa, porque rosa é cor de menina. Você é menino. Então você usa o azul.” E em seguida virou-se pra mim e perguntou:
_ Não é verdade professora?
Considerando uma pessoa com um senso comum sobre esse assunto, ela responderia que sim. Mas, almejando a educação escolar como minha futura área de atuação, eu não poderia responder que sim, nem ao menos que não. Eu fiz com que ela percebesse a resposta. Primeiramente indaguei “É mesmo? Por quê?”, e a única resposta que obtive foi um“ Por que sim”. Então comecei a fazer um pequeno questionário pra que ela chegasse à resposta. Colocarei abaixo como forma de um diálogo.
_ O que o rosa é?
_ Como assim?
_ Se o rosa é um objeto, um sentimento, uma cor...
_ Ah “ta”! O rosa é uma cor “ué”.
_ Hum, muito bem! E o azul?
_ O azul também.
_ E deixa eu te perguntar uma coisa, quando seus pais compraram os seus lápis de cor, eles vieram na mesma caixa, ou vieram separados?
_ Vieram juntos, é claro.
_ Até o azul e rosa vieram juntos?
_ “É”.
_ Ah! Já entendi! No lápis rosa estava escrito que era para meninas.
_ Não. Olha._ Disse me entregando o lápis para que eu pudesse ler.
_ Então porque a cor rosa só pode ser usada por meninas?
_ Hum... Não sei. _ depois que ela disse isso eu a olhei com uma expressão do tipo que diz “Ah é mesmo! Eu sei que você consegue me dar uma resposta melhor.” E em seguida indaguei.
_ Mas e uma menina que tem o olho azul? Como é que ela vai fazer, já que azul é cor de menino?_ a aluna pensou, pensou e me disse.
_ Ah! Agora eu entendi. _ cutucou o colega e continuou_ Olha, tanto menino, quanto menina pode usar o azul e o rosa, porque o rosa é só uma cor. E, “tipo”, o céu é azul, então eu que sou menina posso usar o azul, e você que é menino também pode usar o azul.
Eu usei o exemplo acima, só para vocês verem como que pequenas coisas, que nos são impostas até inconscientemente, vão causando a idéia de diferença e separação entre os gêneros desde a infância. O problema é que essas pequenas situações podem ir evoluindo. Para citar outros exemplos temos vários clássicos como: menina brinca de boneca e menino de carrinho, um joga bola e o outro brinca de escolinha, um assiste futebol e o outro novela, a menina ajuda a mamãe a arrumar a casa, enquanto o menino ajuda o papai a consertar a televisão, menina não pode ser motorista do ônibus na brincadeira, ou meninos não são cabeleireiros porque isso é coisa de mulher.
Enfim, são essas pequenas atitudes que vão moldando a mente das pessoas, e causando grandes discriminações futuras, fazendo o homem acreditar na superioridade dele em relação a mulher e ainda causa o impedimento de algum gênero poder executar tal coisa e o outro não. O melhor que podemos fazer é refletir sobre esses assuntos e acabar com essas situações que acabam causando um impedimento, que na verdade é inexistente.


Teice

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